segunda-feira, 11 de junho de 2012

Hotel pseudo-adaptado


 

Eu já disse aqui algumas vezes que uma das coisas que mais muda na vida da gente quando viramos cadeirante é o planejamento. Devemos sempre pensar em acesso e adaptações para cadeiras de rodas em todos os lugares que vamos ou frequentamos. Mas nem sempre só o planejamento resolve.
Infelizmente há lugares e pessoas que tentam passar uma imagem de acessíveis e adaptados, ou mesmo tentam ganhar clientes na base do "enrolation". Passam informações erradas e tentam nos empurrar lugares que não resolvem em nada nossas necessidades, acreditando que no fim das contas não vai haver problema se faltar "uma coisinha ou outra". Mas esse tempo acabou (ou, pelo menos, está acabando). Ninguém mais aceita gato por lebre, e o "jeitinho" brasileiro está cada vez mais fora de moda.
E uma forma muito eficiente nos dias de hoje de denunciar estes absurdos são as mídias sociais, como este blog, que procura servir como um canal de exposição das más práticas e problemas de acessibilidade encontrados por nós cadeirantes. A história abaixo foi enviada pelo Eduardo Martins, de Sorocaba. Ele me pediu umas dicas para sua primeira viagem como cadeirante, que ele faria em janeiro para Salvador, e passei o que sabia sobre o avião, e sobre as necessidades que deveria exigir no hotel. Ele agradeceu, e reservou um quarto "adaptado" em um hotel na cidade, o B Hotel, que garantiu que tinha a estrutura necessária. Abaixo o relato do Eduardo:
"Na entrada do hotel havia uma rampa com um grau de inclinação que não tem como subir sozinho, além de ser feito de piso comum e escorregadio, se chover há o risco de descer mesmo travando as rodas. Além disso, a rampa termina a 40 cm da guia, ou seja, o cadeirante vai parar no meio da rua. Ao chegar na recepção pedi as chaves da suite adaptada, que me foi prontamente entregue. Ao entrar tentei ligar para a recepção para saber se estava no quarto correto, mas o telefone não funcionava e tive que voltar até a portaria. Fui informado que sim, pois era o único que eles tinham adaptado. Mas a única adaptação realizada foi a mudança das portas para poder passar a cadeira e mais nada. A cama era composta por duas camas box de solteiro, que juntas formavam uma de casal, só que as duas tinham rodinhas e com o movimento separavam uma da outra, correndo o risco de você cair no vão entre as duas.
No banheiro havia um box de vidro com uma porta que mal passava uma pessoa em pé, e não havia ducha manual também. O vaso ficava entre o box e uma pia de pedra, sem espaço para nada, e não havia nenhum local ou barras para poder se apoiar para transferência, tinha que contar com ajuda da minha mulher todas as vezes que precisava fazer uso e mesmo assim machucando as costas quase todas as vezes.
Tive que tomar banho frio sentado no vaso com a ducha íntima, me lavando da forma que desse e jogando água pra todo lado, aumentando ainda mais o risco para voltar para cedeira depois. Já na empresa aérea Azul fui muito bem atendido, com todos os cuidados necessários."

É gente, infelizmente ainda temos que passar por situações como estas, com total desrespeito ao cadeirante. Ou melhor, desrespeito até mesmo com o ser humano, não é preciso ser expert em acessibilidade para saber que o local é totalmente inadequado para um cadeirante. Fica a dica, se foram para Salvador, fiquem longe do B Hotel, é melhor pagar mais caro e procurar um hotel tipo "A".

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